A parábola deste final de semana apresenta uma festa de casamento que resume a longa história do relacionamento de Deus com a humanidade (Mt. 22,1-14). É vontade de Deus que todos sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da sua verdade. Ele oferece aos homens e mulheres de todos os tempos à salvação. Ele se revelou à humanidade para que esta tivesse uma participação na Sua intimidade, na Sua vida. Mas nem todos responderam positivamente ao Seu convite. Entre aqueles que rejeitaram o chamado estavam os sacerdotes e anciãos do povo, e é para eles que Jesus dirige esta parábola. Jesus mesmo sabendo que corria riscos, continuou a falar-lhes em parábolas, porque queria, ainda, dar-lhes uma chance para abraçar a misericórdia divina.
Vamos tentar voltar a alguns momentos importantes da parábola. Jesus comparou o Reino de Deus, com um rei que deu uma festa de casamento para seu filho. Seria como um grande banquete, e os que fossem convidados gozariam de grande honra e privilégio. Até o profeta Isaías já previu essa festa, quando disse que um grande soberano preparou um extraordinário banquete e no cardápio ofereceu iguarias finas, carnes saborosas e variadas, vinhos excelentes (Is. 25,6). Para o profeta, todos os povos da terra foram convidados, sem exclusão, todos poderão se sentar à mesa da vitória do Reino de Deus.
Na parábola do Evangelho, os primeiros convidados foram chamados, mas eles se recusaram a vir. A resposta deles foi a rejeição ao convite. Às vezes, dizemos “sim” aos convites, mesmo que o nosso “sim” na verdade signifique um “não”. Em alguns casos, dizemos “sim” por educação, mas na verdade, por dentro, estamos fazendo uma recusa de forma sutil. É a chamada recusa interior, é um “não” disfarçado de “sim” que se revelará mais adiante pelo ato de rejeição. Como, por exemplo, o Senhor sempre nos convida para a celebração da Santa Missa todos os domingos, mas mesmo que alguns tenham tempo suficiente, estejam livres, preferem simplesmente dormir, porque a observância do dia do Senhor não é significativa para a sua vida, embora estes sejam batizados, crismados, isto é, se consideram cristãos.
Em seguida, o rei manda novamente chamar os convidados, orientando-os para dizer que está tudo preparado: “já preparei o banquete, os bois e os animais cevados já foram abatidos e tudo está pronto. Vinde para a festa!” (Mt. 22,4). Porém, eles ignoraram o convite porque estavam preocupados com os seus próprios interesses, foram embora, “um para a sua fazenda, outro para os seus negócios...” (Mt. 22,5).
Neste segundo convite, aos mesmos convidados, havia um senso de urgência porque a festa já estava organizada. No entanto, eles estavam mais preocupados com os interesses pessoais. Mais uma vez, recordo a questão da Celebração Eucarística. Algumas pessoas não se recusam deliberadamente, mas simplesmente ignoram. É óbvio que isso não signifique, na maioria das vezes, que considerem a Sagrada Eucaristia como algo que não é importante. Não! Eles sabem a importância que tem para vida deles, mas é uma questão de prioridade. Se não tivermos cuidado, estaremos sempre encontrando coisas e preocupações que acabamos considerando mais importantes. Por exemplo, tem cristão que considera o futebol, a festa de aniversário, a praia, a balada, como mais importante do que participar de uma missa. Então, está claro, para essas pessoas está havendo prioridades erradas na vida.
Decepcionado com os que se recusaram e ignoraram o convite, o rei mandou seus servos buscar todos os que encontrassem pelos caminhos e praças: “...ide até às encruzilhadas dos caminhos e convidai para a festa todos os que encontrardes” (Mt. 22,8). Os empregados trouxeram os bons e os maus, limpos e sujos, e encheram o salão de convidados. Mas quando o rei entrou para recepcionar os convidados, notou um homem que não usava o “traje de festa” (Mt. 22, 11); foi punido pelo rei.
Meus irmãos, a “veste” que se espera em cada um de nós, se refere a uma vida de conversão, uma vida que esteja coerente para um seguidor de Jesus. Inclusive, no Batismo nos revestimos da “veste nova” que é o Cristo. E para essa vida nova até os pecadores são convidados. Sim, até eles, porque estes também foram convidados para o banquete Reino de Deus, entretanto, primeiro, é preciso o arrependimento. Jesus não castiga o pecador, pelo contrário, Ele ama profundamente os pecadores, ao ponto de transformar o coração até que chegue ao arrependimento. Essa é a maneira de trazê-los de volta para o Pai. Jesus enfatiza isso muitas vezes quando se encontra com os pecadores. “Vá e não peques mais” (Jo. 8,11), são as palavras de despedida de Jesus para os pecadores.
Então meus queridos irmãos, nós já dissemos o nosso “sim” ao convite de Jesus, desde quando recebemos o Batismo. Mas é hora de examinarmos o que de fato tem acontecido em nossas vidas após aquele “sim”. Verifiquemos se, na prática, esse “sim” não já se transformou em um “não”. Se isso aconteceu, vamos tentar corrigir. Digamos como São Paulo: “Tudo posso naquele que me dá força (Fl. 4,13). Arrependimento e conversão devem fazer sempre parte da nossa existência.
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