Neste final de semana a reflexão se dará mais uma vez sobre a vinha do Senhor. É terceira vez que falamos desse assunto. Há duas semanas ouvimos sobre os trabalhadores da vinha. Semana passada sobre os filhos do proprietário, e esta semana é sobre os agricultores e os servos da vinha que vamos voltar as nossas atenções.
É claro que está parábola nos mostrará que a vinha pertence a um Senhor (Deus) e a colheita terá que ser abundante, terá que render muitos frutos. Você é a vinha. Sim, você! E eu!
Um dia Deus enviará seus servos, os anjos, para reunir os frutos. Este dia será de intensa alegria para alguns e de vergonha para outros.
Sim, o Pai do Céu é o dono da vinha. E a vinha que Ele deseja que cresça em nós é Cristo, seu Filho. Esta é a colheita que ele deseja encontrar em nós nesse dia. Temos que plantar esta vinha, que é Cristo, em nós, deixá-lo crescer para que produzamos frutos bons. Que pensamento maravilhoso!
Meus caros irmãos, através do Batismo, Jesus foi plantado em nós. Através dos outros Sacramentos (Eucaristia, Confirmação, Ordem, Matrimônio e Unção dos Enfermos) Sua vida, Sua presença, é fortalecida em nós. Pelo Sacramento da Reconciliação, vidas enfraquecidas são restauradas e resgatadas do pecado. O proprietário da vinha pensou em tudo, e agora Ele aguarda o tempo da colheita.
A pergunta é: o que ainda mais, nós agricultores, podemos fazer? Acredito que a oração, a penitência, a meditação bíblica, o jejum espiritual, o serviço ao próximo, o amor, a evangelização das pessoas, é o trabalho mais adequado para os servos desta vinha. Porém, será que estamos sendo bons trabalhadores, esse trabalho está sendo realizado?
Gostaria de ser muito prático e sugerir-lhe uma “ferramenta” que ajudará no cultivo desta vinha. É a Bíblia. Para isso, lembremos as palavras do Papa Bento XVI no Congresso Internacional do 40º aniversário da Dei Verbum: “...Gostaria sobretudo de evocar e recomendar a antiga tradição da Lectio divina: a leitura assídua da Sagrada Escritura, acompanhada pela oração..., se for promovida de maneira eficaz, levará a Igreja - disto estou convencido - a uma nova primavera espiritual.”
Rezar é o verdadeiro “trabalho” desta vinha. Sem prejuízo de qualquer outra oração, indico a Lectio divina, leitura orante da Palavra de Deus, um método simples e indicado pelos grandes mestres desde a tradição. Consiste em primeiramente ler o texto, depois meditá-lo percebendo o que Deus nos fala (escutar); em seguida vem a nossa oração como resposta ao Deus que falou, e por fim chega-se à contemplação que é um quarto estágio onde não mais exprimimos palavras, calamos, adoramos, nos entregamos à oração silenciosa. Sem duvida, o agricultor terá a melhor “pá” ou “enxada” para trabalhar na vinha do Senhor, quando ele se utilizar da oração e da Palavra de Deus.
A Bíblia é a Palavra de Deus. Esse é um dado fundamental. Quando lemos a Escritura, Deus está falando. Nós não precisamos de visões ou de outras palavras porque, ali, Deus mesmo está falando conosco.
A Palavra de Deus é também a ação de Deus. Em várias passagens lemos: “Deus disse... e assim foi feito” Na Bíblia, a Palavra de Deus continua agindo, curando, fortalecendo, formando, motivando o amor, confortando os desanimados, corrigindo. Onde entra a Palavra de Deus, o próprio Deus não está longe, está presente, vivo atuante e poderoso.
Quem lê a Bíblia, está diante do Senhor, e mesmo que não o tenha sentido ainda, está na sua direção e, com certeza, irá encontrá-lo. O próprio Deus vai abrir-lhe os olhos para perceber que Ele, na verdade, nunca está ausente.
Termino este pensamento lembrando as palavras do salmista: “Feliz o homem que na Lei do Senhor Deus vai progredindo!” (Sl 118). Pois bem, depende de nós, da disposição interior para escutar a Palavra de Deus e, por Ela, deixar-se conduzir.
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