sexta-feira, 4 de maio de 2012

Jesus, a videira, nós os ramos

Jesus, a videira, nós os ramos

Atos 9, 26-31; Salmo 21(22);  1 João 3, 18-24;  João 15, 1-8

O Evangelho deste final de semana nos falará da comunhão com o Cristo, Videira verdadeira. Mas, nos perguntemos em primeiro lugar, o que é comunhão?

Comunhão é a unidade do amor na qual Deus vive em si mesmo como Pai, Filho e Espírito Santo. Nosso Deus não é um Deus solitário, ele é três Pessoas divinas em um só Deus. É a Santíssima Trindade. É uma imagem que traduz-se numa espécie de entrelaçamento de amor entre o Pai e o Filho, no Espírito Santo.

Assim, vemos que a noção de comunhão tem a sua origem em Deus. Deus, nas três pessoas divinas, é a comunhão perfeita de amor.

Agora, deixemos nossa mente voltar-se para a família do homem após a queda de Adão e Eva. Dificilmente se poderia descrever essa família como comunhão de amor, muito pelo contrário. O homem rejeitou a Deus e agora encontra-se preso em um estado desesperado, destrutivo, distante de Deus, dos outros, alienado de si mesmo e do mundo natural.

Felizmente, porém, Deus na sua bondade, não abandonou a sua criação. Ele veio entre nós. Ele entrou na prisão em que haviamos trancado a nós mesmos e da qual não tinhamos escapatória. Ele veio a nós como um de nós. Ele veio entre nós na pessoa de seu Filho unigênito, Jesus. Ele veio, enviado por Deus, para nos libertar. Em outras palavras - para nos atrair, para nos convidar, para tornar possível para nós, mais uma vez, a comunhão com o Pai.

No entanto, precisamos ter muita clareza sobre isso, Jesus não obriga ninguém. Ele não veio para "arrastar-nos" em comunhão. Ele veio, em primeiro lugar, para torná-la possível e, por outro lado, chamar-nos a ele. É um “convite” à comunhão, que será aceita por muitos - mas não todos.

Aqueles que aceitam são aqueles que, reunidos em torno de Jesus e em comunhão com ele, serão chamados Igreja, a comunidade cristã.

E assim, agora temos de nos perguntar: Como posso entrar em comunhão com Jesus? São João, na segunda leitura, deixa claro: Todo aquele que observa na vida os mandamentos de Deus, permanece em Deus e Deus nele.

Jesus não só nos convida a entrar em comunhão com Ele e com o Seu Pai, mas de certa forma Suas palavras insitem conosco por duas razões. Em primeiro lugar, para que possamos viver: “Quem não permanece em mim é lançado fora, como a vara, e seca; tais varas são recolhidas, lançadas no fogo e queimadas” (Jo. 15,5), e em segundo lugar, para que possamos dar frutos: “Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer (Jo. 15,5).

Os privilégios de permanecer nele são quatro. Vamos ser "podado" (pelas mãos experientes do Pai), vamos dar glória ao Pai, o Pai atenderá nossas orações, e vamos ser verdadeiramente discípulos de nosso Senhor.

A chamada à comunhão é universal, por isso que se descreve a Igreja como Una, Santa, Católica (isto é, universal) e Apostólica. Mas o apelo não é atendido por todos. Aquele que não atender ao chamado, que não está pronto para aceitar as condições de entrar em comunhão, ou seja, "observar os mandamentos", exclue-se da comunhão com Ele.
 
Para expressar o nosso desejo de comunhão com Deus, podemos comparar com o casamento sacramental entre um homem e uma mulher. É nesta comunhão de amor entre um homem e uma mulher que Deus quer nos fazer entender a nossa comunhão com Ele. Assim como um homem abandona todas as outras mulheres, e uma mulher abandona todos os outros homens, no vínculo do matrimônio, por isso devemos abandonar todos os outros deuses e ídolos no nosso vínculo de comunhão com a Santíssima Trindade.

Assim, como a comunhão do homem e da mulher é exclusiva, também, o nosso relacionamento com Deus é exclusivo. Então, quem não está disposto a permanecer com Cristo na sua Igreja exclue-se desta comunhão. Mas, a comunhão não pode ser fingida, disfarçada de uma recusa em atitudes que tomamos diariamente, porque isso seria uma resposta negativa ao convite de Jesus.

O Evangelho descreve a comunhão, insiste na necessidade de comunhão, adverte ainda sobre a “punição” para quem se recusa a comunhão ou deixá-la através do pecado. No entanto, essa “punição” não é provocada por Deus, é uma conseqüência natural do ramo que se recusar a continuar a ser uma parte da videira.

Jesus veio a nós na semana passada como o Bom Pastor, com os braços abertos para abraçar a todos e nos atrair para o Seu rebanho. Esta semana ele se apresenta como a Videira, disposto a alimentar com a vida eterna todos aqueles que permanecem Nele como seus ramos. A imagem é extraordinariamente atraente. É preciso deixarmos que esta Palavra penetre nossas consciências para que tenhamos clareza do que é que está sendo oferecido a nós e não tardemos em responder: Sim Senhor. Sim.


Por: Pe. Márcio Henrique Mendes Fernandes
@pemarciomendes
pemarcio@gmail.com
pemarcio.blogspot.com

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